segunda-feira, 9 de junho de 2014

Hades

  Hades, segundo a mitologia grega, é o deus do submundo.
Ele é conhecido também por ter raptado Perséfone (Core), sua sobrinha, filha de Deméter e Zeus, e a levado para o submundo.
Hades costuma apresentar um papel secundário na mitologia, pois o fato de ser o governante do Mundo dos Mortos faz com que seu trabalho seja "dividido" entre outras divindades, tais como Tanatos, deus da morte, ou as Queres (Ker) - estas últimas retratadas na Ilíada recolhendo avidamente as almas dos guerreiros, enquanto Tanatos surge nos mitos da bondosa Alceste ou do astuto Sísifo.
Como o senhor implacável e invencível da morte, é Hades o deus mais odiado pelos mortais, como registrou Homero (Ilíada 9.158.159). Platão acentua que o medo de falar o seu nome fazia usarem no lugar eufemismos, como Plutão.
Na Bíblia, Hades é usado com o mesmo significado de Seol (significam morte temporária, que termina na ressurreição dos humanos no dia do juízo).

Origem: Guerra dos Titãs

Temendo uma profecia que dizia que seria derrotado por um dos filhos, Cronos passou a devorar os filhos tão logo sua mulher, Reia, os tinha. Assim ocorrera a todos os filhos que teve, à exceção de Zeus que, para ser poupado, foi num ardil materno trocado pela mãe por uma pedra.
Segundo Apolodoro e Hesíodo Cronos os devorou na seguinte ordem: primeiro a Héstia, em seguida Deméter e Hera e, mais tarde, a Hades e Posseidon.
Crescendo, o jovem deus teve novamente a ajuda materna para auxiliá-lo: Reia fez com que o marido engolisse uma beberagem que o forçou a vomitar os filhos presos dentro de si. Uma vez libertos, os irmãos ficaram solidários a Zeus, no combate contra o pai. Postaram-se, então, no monte Olimpo e, com ajuda dos titãs hecatônquiros, combateram os outros titãs, que se posicionaram no monte Ótris, numa batalha que durou dez anos.
Os titãs solidários aos olímpicos — Briareu, Coto e Giges — deram aos três irmãos suas armas: a Zeus os raios, a Posseidon o tridente; a Hades coube um capacete, que o tornava invisível.
A derrota de Cronos deu-se com o uso das três armas: Hades, invisível com seu elmo, roubou ao pai suas armas e, enquanto Posseidon o distraía com o tridente, Zeus o fulminou com seus raios.
Sendo o mundo dividido em três partes, Zeus procedeu à divisão por sorteio dos reinos entre si e os dois irmãos: para si ficou a Terra e o Céu, a Posseidon coube os mares e rios, ao passo que para Hades ficou o domínio sobre o mundo subterrâneo e os seres das sombras.
Mais tarde Hades desposa Perséfone (a Prosérpina dos romanos, também chamada Core ou Kore), filha de sua irmã Deméter (Ceres, para os romanos), e que ao seu lado tornou-se a rainha dos mortos.

Hades e Perséfone

 

A união foi narrada por Thomas Bulfinch como decorrente da luta havida entre os deuses e os gigantes Tífon, Briareu, Encélado e outros: após terem sido aprisionados no Etna, os cataclismos provocados por suas lutas pela liberdade fizeram com que Hades temesse que seu mundo fosse exposto ao Sol.
Então, a fim de verificar o que estava se passando, finalmente Hades decide sair de seu reino, montado em seu carro de negros corceis. Estava Afrodite, naquele momento, sentada no monte Érix junto a seu filho Eros (então personificado como Cupido) e desafiou-o a lançar suas flechas no deus solitário quando, por ali, a filha de Deméter transitava no vale de Ena (uma pradaria siciliana), igualmente solteira.
Flechado pelo Amor, Hades rapta a bela sobrinha que, apavorada, clama por socorro à mãe e suas amigas mas, sem ter como reagir, acaba resignando-se. Hades excita os cavalos a fugirem o mais depressa possível até que chegaram ao rio Cíano, que se recusou a dar-lhe passagem. O deus então feriu-lhe a margem, abrindo a terra e criando uma entrada para o Tártaro.
Outras variantes do mito colocam a sobrinha e amada de Hades às margens do rio Cefiso, em Elêusis, ou aos pés do Monte Cilene, na Arcádia, local em que uma caverna levava aos Infernos; noutras, próxima a Cnossos, em Creta. Também conta-se que Zeus, para ajudar o irmão na captura de Core, enquanto ela colhia flores, postou um narciso (ou um lírio) na beira dum abismo e ela, ao colher a flor, caiu, pois a Terra se abriu, ao aparecer Hades para capturá-la.
Deméter parte numa busca inútil à filha, indo de Eos (a Aurora) até as Hespérides (no poente). Em sua peregrinação salva um menino, a quem incumbe de ensinar a agricultura aos homens. Desesperançada, pára à margem do mesmo rio Cíano onde a filha fora levada. A ninfa que ali habitava fica oculta, temendo represálias do deus dos Infernos, mas deixa fluir sobre as águas a guirlanda que Perséfone derrubara ao ser levada. Ao vê-la a deusa se revolta, culpando a terra por seu sofrimento: a maldição que lança provoca a infertilidade do solo e a morte do gado.
Vendo a desolação provocada pela vingança da deusa, a fonte Aretusa resolveu interceder. Procurando Deméter, conta sua história - de como fora perseguida por Alfeu, no curso do rio de mesmo nome e, ajudada por Artêmis, que lhe abrira um caminho subterrâneo para a fuga até a Sicília, viu então Perséfone sendo levada por Hades — ainda triste, mas já ostentando o semblante de Rainha do Mundo Inferior.
Uma variante narra a história da seguinte forma: após dez dias Deméter foi auxiliada por Hécate, deusa da lua nova, que a levou até Hélio, o Sol; este ter-lhe-ia contado o que ocorrera, acrescentando que o rapto fora consentido por Zeus. Dissera mais: que aceitasse o ocorrido, pois Hades "não era um genro sem valor". Mas a mãe, em seu desespero, recusa o conselho e, magoada com Zeus, abandona o Olimpo e passa então a vagar na terra como uma velha.
A deusa de imediato vai ao Olimpo, onde pleiteia a Zeus fosse a filha restituída. O Senhor dos Deuses consente, impondo contudo a condição de que Perséfone não tivesse, no mundo inferior, ingerido alimento algum — uma condição que faria com que as Parcas vedassem-lhe a saída. Hermes, guia das almas, é enviado como mensageiro junto a Primavera. Hades concorda com o pedido mas, num ardil, oferece a Perséfone uma romã, da qual a jovem chupa alguns grãos, selando assim o seu destino, pois jamais poderia se libertar dos Infernos.
Apesar de ter a esposa para sempre presa ao Submundo, o deus das sombras faz um acordo com a sogra, anuindo que Perséfone passasse uma parte do tempo ao seu lado e outra, com a mãe. Deméter concorda com o ajuste, e devolve à terra sua fertilidade.


As paixões de Hades


Hacquard registra que Hades permaneceu fiel à esposa Perséfone, salvo em duas ocasiões: a primeira quando teria se deixado enamorar pela ninfa do Cócito, Minta; perseguida pela rainha Core, foi transformada pelo deus em menta. A segunda teria sido o amor por uma oceânida.
O primeiro mito estaria ligado ao próprio rapto de Perséfone: Minta (ou Minte), ninfa que habitava o Submundo, mantinha com Hades um relacionamento, interrompido por seu casamento; a ninfa então, procurando recuperar o amante, passou a se vangloriar, dizendo ser mais bonita que sua rival, despertando a fúria em Deméter, mãe de Core. Deméter então puniu a moça presunçosa, fazendo em seu lugar surgir a menta.
Noutra passagem, teria se apaixonado por Leuce, filha de Oceano, e que por isso foi transformada no álamo prateado.
Wilkinson e Philip registram que, quando Hades vinha à superfície, não era capaz de dominar os desejos pelas infelizes ninfas. Perséfone, contudo, sempre agia para conter esses impulsos e, assim, quando o marido se apaixonara por Minte, a transforma no hortelã; quando o mesmo ocorrera a Leuce, transformou-a no álamo.

A aparência de Hades


 As representações de Hades apresentam a mesma face de Zeus e Poseidon, seus irmãos.
As antigas obras de arte diferenciam-no somente por alguns 'rasgos de expressão', como
registrou Murray. As espessas barbas e cabelo sombreiam a face.

   Seus atributos eram um cetro, similar ao de Zeus, e um capacete que conferia a invisibilidade
a quem o portasse. Seu auxiliar é o grande cão de três cabeças, Cérberos.
Sua figura é bastante sóbria, sem ornatos: Além da expressão sombria pelo franzir dos cenhos,
a barba em desalinho e cabelos desgrenhados num rosto pálido. Suas vestes consistem num
pesado manto e túnica vermelhos; seu trono é representado por uma coruja.
  

O Inferno de Hades

 uma das passagens estava sempre aberta de modo a permitir a entrada, sem retrocesso. Sua guarda cabia ao cão Cérbero, que era dócil a quem chegava, mas feroz a quem pretendesse sair.
A entrada era separada do interior por vários rios, de águas turbulentas, dos quais o mais famoso era o Estige, tão fiável que os próprios deuses o evocavam como testemunha dos juramentos. Sua passagem era feita pelo barqueiro Caronte, para cujo pagamento colocavam os gregos uma moeda (danake) na boca do falecido.
Outros rios eram o Aqueronte (rio da eterna aflição), Lete (o rio do esquecimento), Piriflegetonte (rio de fogo), Cócito (rio do pranto e lamento).
  Além do próprio reino dos mortos, duas outras regiões se apresentavam: Os Campos Elísios, uma ilha
de bem-aventurança que recebia as almas das pessoas boas e o Tártaro - tão profundo que distanciava-se da terra, como essa do céu.

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